Aviso: este artigo contém spoilers sobre o final de Monster Hunter Wilds.
Mesmo sem uma história revolucionária, a trajetória de Monster Hunter é repleta de momentos de construção de mundo fantástica e ecologia interessante, que dão vida a ambientes vibrantes em Monster Hunter Wilds. Cada área explorável em Wilds apresenta recursos ocultos, mecânicas e personalidade, tornando o caçador o personagem ideal para desbravar essas novas terras. Embora a recepção inicial não tenha sido das mais calorosas, as mudanças no protagonista dublado de Wilds podem se consagrar como uma das melhores da franquia.
Um protagonista dublado foi uma decisão polêmica para a série
Nem todos ficaram satisfeitos com a nova mudança
Embora as preocupações não tenham sido tão generalizadas quanto em outros fandoms, ainda houve críticas de quem não acreditava que um protagonista dublado se encaixaria no estilo de gameplay de Monster Hunter. Aliado às mudanças e reformulações implementadas em Wilds e em lançamentos recentes, havia um receio compreensível de que a franquia pudesse se afastar demais de suas raízes. Contudo, com as melhorias essenciais na narrativa e o desenvolvimento singular de seu elenco de personagens, a dublagem em Wilds se mostra bem integrada à tradição da série.
Apesar das inquietações quanto ao protagonista e ao Palico inteiramente dublados, Monster Hunter Rise já havia introduzido o conceito de um protagonista com voz, ainda que de forma mais sutil. Em vez de diálogos extensos em cenas e sequências carregadas de falas, a maior parte das vozes em Rise consistia em breves frases durante o jogo. Assim como em Wilds, os jogadores também podiam escolher o tipo de voz e o estilo de seus personagens customizáveis, recurso que foi ainda mais aprimorado na nova versão.
A personalidade do caçador se destaca através de seus diálogos
Oferecendo mais opções para interações significativas entre personagens
Encontrar o equilíbrio entre a autonomia do jogador e a criação de um personagem marcante é essencial. Ao longo da narrativa de Wilds, o jogador tem a oportunidade de conversar com diversos NPCs, descobrindo novas perspectivas sobre os acontecimentos e conhecendo melhor as personalidades e histórias de cada um. Um dos melhores exemplos disso é o diálogo opcional com Genma, que permite explorar seu passado e as motivações que a levaram a se tornar a única Smithee na expedição às Terras Proibidas. Além disso, Wilds surpreende ao oferecer escolhas de diálogo que proporcionam variações sutis, tornando cada interação mais impactante.
Um caçador veterano parece ser uma progressão natural para a franquia
Uma continuidade satisfatória em relação aos lançamentos anteriores
Uma das mudanças mais impactantes é a decisão de apresentar o protagonista como um caçador veterano, e não como um novato recém-chegado a uma nova vila. Sendo um experiente à frente de uma expedição inédita, o personagem de Wilds demonstra uma confiança elevada e conquista a credibilidade dos seus aliados, alterando significativamente a dinâmica da narrativa. Essa mudança, repleta de momentos satisfatórios, enriquece a história, especialmente para os fãs de longa data da franquia.
Mesmo que você tenha se aventurado em apenas um título da série, como Monster Hunter World, o passado ambíguo – mas repleto de experiência – do caçador se encaixa perfeitamente como continuidade da trajetória do personagem, servindo de excelente base para conectar sua experiência anterior. Apesar de manter a característica de personalização em aberto, o caçador em Wilds exibe uma personalidade dinâmica, capaz de mesclar momentos cômicos com falas impactantes em situações de tensão.
A introdução da autorização pela guilda reforça a sensação de que o caçador é uma máquina imparável na caça de monstros, tendo Alma como o único elemento capaz de conter seu ímpeto de dizimar ecossistemas inteiros. Somado à possibilidade de desbloquear uma armadura em camadas, as cenas mais marcantes de Wilds ganham um fator “cool” que supera as expectativas de uma experiência de nível baixo. Ademais, o elevado grau de experiência do caçador pode explicar por que os monstros em Wilds são derrotados com tanta facilidade, com a dificuldade sendo ajustada futuramente para acompanhar sua maestria.
A base perfeita para alcançar narrativas ainda mais grandiosas
Enfrentando caçadas climáticas com uma confiança renovada
Uma das maneiras pelas quais Monster Hunter Wilds pode facilmente elevar o nível de desafio em relação aos seus predecessores é ao incorporar a tão comentada colaboração com Bahamut de Final Fantasy XIV. Embora um crossover com Final Fantasy não seja algo inédito, considerando a proximidade entre os estúdios, Wilds ainda reserva inúmeros momentos narrativos inexplorados que despertam grande expectativa. Seja com a introdução de novas formas de guardião para monstros conhecidos, o surgimento de Elder Dragons inéditos ou até mesmo a forma definitiva do artificial Zoh Shia, há um imenso potencial para que Monster Hunter Wilds ofereça uma das experiências mais memoráveis da franquia.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.