Um episódio que deixa muitas lacunas
Aviso: Este artigo contém grandes spoilers do episódio 10 da 1ª temporada de Doc, “…Must Come Down”, que estreou na terça-feira, 18 de março na FOX.
O final da 1ª temporada de Doc, “…Must Come Down”, é exatamente o episódio que os fãs desejavam, embora não seja o melhor possível. O episódio 10 reúne todos os elementos para resolver – ou ao menos abordar – os problemas recorrentes do drama médico, mas, na ânsia de condensar o máximo de histórias em 42 minutos, o roteiro deixa muitas pontas soltas.
Doc Temporada 1, Episódio 10 é Surpreendentemente Leve no Drama Médico
Os pacientes da semana ficam em segundo plano
De uma perspectiva estrutural, isso faz sentido – não há como se ter uma conversa significativa sobre Amy beijando Michael quando eles estão ocupados tratando casos de emergência. O problema é que os pacientes em “…Must Come Down” servem basicamente como pano de fundo para a narrativa. São apresentados apenas dois casos efetivos, com a maior parte do tratamento ocorrendo fora de cena. Melody chega com seu noivo Jeremy, e ambos enfrentam problemas de saúde – mas Amy apenas menciona, de passagem, que Melody passou por cirurgia durante uma conversa com Sonya, e Jeremy, depois de desmaiar, só é visto novamente no final do episódio. Jake também atende um homem que se destacou como Bom Samaritano durante o acidente, mas sua história é concluída de forma relativamente rápida.
O Episódio 10 de Doc é Intencionado como o Último Episódio para Scott Wolf?
O final finalmente responsabiliza o Dr. Richard Miller
A resolução dessa trama é tudo o que os espectadores poderiam desejar em termos de história e atuação – embora venha acompanhada de um grande “mas”. Scott Wolf brilha do início ao fim do episódio. Richard assume o comando como um chefe de departamento deve, chegando a repreender sua equipe por hesitar em tratar Ian quando este chega ao hospital. Sua postura de liderança nessas cenas supera a de muitos outros médicos na TV. E, quando chega o momento decisivo, ele retrata com maestria o colapso emocional de Richard, mesmo que sua justificativa soe como mais uma desculpa. Assim, surge o dilema clássico: os espectadores querem ver a saída de Richard, mas Doc precisa do ator que o interpreta.
No desfecho, Richard é visto organizando seu escritório, o que torna difícil imaginar uma possível redenção para ele. Independentemente da sua trajetória pessoal, ele expôs o hospital a enormes responsabilidades, e seu tratamento com os demais membros da equipe foi totalmente inadequado. Ele parece, de fato, estar ciente disso. Mas se este for o último episódio de Richard, o programa perderá um dos seus melhores atores. Wolf tem sido excepcional ao longo da temporada, mesmo quando o roteiro oscila entre tornar Richard simpático e retratá-lo como um vilão absoluto. Ele merece retornar, mas seu personagem parece irredimível, mesmo num drama que celebra as segundas chances.
E nesse contexto, a conversa de Amy com Sam adentra um território delicado, quando ela afirma que nada acontecerá com ela após expor Richard e que vai, enfim, parar de “fazer cambalhotas” para a diretoria. Estruturalmente, essa abordagem faz sentido, já que a ideia de “se Amy se tornar médica” é um dos arcos centrais da 1ª temporada – que, de fato, não precisava ser estendido. Contudo, o programa precisa ter cuidado para não sugerir que Amy tem carta branca para agir como quiser, como já ocorreu em episódios anteriores.
O Final da Temporada de Doc Cria Drama Sem a Base Necessária
Alguns elementos da trama ficam em branco ou inacabados
Em outra parte da narrativa, Doc menciona a esposa de Michael, Nora, insinuando que ela poderia confrontá-lo sobre Amy… mas, na verdade, isso não acontece. Nora insiste em ir ao hospital depois que Michael deixa de retornar suas ligações; porém, quando Michael admite ter beijado sua ex-esposa, Nora simplesmente responde de forma seca que “conversarão sobre isso em casa” e sai. Ela busca a verdade, a obtém, e então o programa perde a oportunidade de explorar esse conflito. Não é possível sequer afirmar que Nora esteja em choque, já que ela não hesita em repreender Amy momentos depois – uma atitude que parece transferir indevidamente toda a culpa para a jovem.
Dra. Gina Walker (para Michael): “Não importa se algo é real ou não, pois o que conta é que parece real, e é isso que lhe confere veracidade.”
Além disso, Gina tem sua própria subtrama envolvendo o sentimento de responsabilidade pelos atos de Ian. Ela e Michael protagonizam uma cena excelente, mas no dia seguinte Amy a encontra enquanto ela está saindo – e é aí que a narrativa toma outro rumo. Gina responde com sarcasmo à pergunta de Amy sobre seu estado após o incidente, mas logo depois Amy comenta que Gina a julga pelos acontecimentos do passado, ao que Gina admite que isso pode ser verdade. Essa reviravolta sugere que Doc esteja introduzindo um possível novo segredo para manter o acidente de Amy relevante na próxima temporada.
Doc é exibido às terças-feiras, às 21h, na FOX. A data de estreia da segunda temporada ainda não foi anunciada.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.