Resenha de Outerlands: Asia Kate Dillon nos presenteia com uma atuação em camadas em um drama sincero sobre abandono e pertencimento

Se, após ler a sinopse geral de Outerlands, você pensar que se trata apenas de mais uma história de trauma entrelaçada a comentários sociopolíticos pesados, é melhor reservar o julgamento. Oxman consegue aqui um esforço excepcional, onde a sutileza é uma força; nada que precise ser dito ou mostrado fica de fora. Trata-se de uma obra profundamente humana, em que as experiências de Cass nunca são minimizadas. Pelo contrário, cada cena da paisagem de São Francisco, cada diálogo e cada inflexão sonora na trilha confere vida ao filme e nos conduz por uma jornada empática.

Enquanto equilibra seus três empregos, Cass frequentemente encontra dificuldade em arranjar tempo para a vida social. Emile (Daniel K. Isaac) costuma convidá-los para explorar diferentes bares queer, mas algo sempre impede Cass. Talvez seja a recente fixação com Kalli (Louisa Krause), uma colega de trabalho do restaurante que demonstrou interesse por Cass. Após um encontro de madrugada, Kalli entra em contato para compartilhar que conseguiu uma nova oportunidade em Reno e precisa que Cass cuide de sua filha de 12 anos, Ari (Ridley Asha Bateman). Sem querer desapontar sua nova paixão, Cass aceita.

Oxman Eleva Esta História Simples com Dinâmicas de Personagens Reflexivas

Essas Dinâmicas São Construídas Sobre a Nossa Necessidade de Pertencimento

Parte do que fortalece e amplia Outerlands – transformando-o de uma simples narrativa de trauma infantil em uma experiência multifacetada de conexão humana – são as dinâmicas presentes na relação entre Cass e Ari. Dillon é sensacional; é difícil desviar o olhar de cada movimento, mesmo na ausência de diálogos. Apesar de seu personagem parecer constantemente abalado pela situação de vida e de ter que lidar com Ari, Dillon transita por essas circunstâncias com uma naturalidade que irradia força, melancolia e imprevisibilidade. Em um roteiro que evita tornar seus comentários sociopolíticos excessivamente explícitos, Dillon carrega o peso da narrativa somente com expressões faciais.

Cada cena da paisagem de São Francisco, cada conversa e cada inflexão sonora na trilha sonora confere vida e narrativa ao filme, conduzindo-nos por uma jornada de empatia.

Outerlands não é apenas uma história sobre como seguir em frente após os traumas da infância. É uma experiência de conexão e pertencimento humano. À medida que Ari e Cass se reconciliam com o fato de que, no momento, só têm um ao outro, o vínculo entre eles se fortalece por meio do apego e da dependência mútua. As escolhas de direção de Oxman – como os close-ups prolongados – potencializam essa conexão com os personagens. E, com performances poderosas de Bateman e Dillon, o filme não apenas nos convida a explorar os efeitos dos traumas da infância, como também reafirma que a compreensão é tudo o que realmente desejamos e necessitamos dos outros.

Outerlands estreou no Festival de Cinema SXSW 2025 e foi exibido no Festival Internacional de Cinema de São Francisco.

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