Análise de One World Under Doom #2: O Sonho da Autocracia Vive e Floresce na Marvel Comics
One World Under Doom #2 é publicado pela Marvel Comics e escrito por Ryan North, com arte de R.B. Silva, cores de David Curiel e letras de Travis Lanham. A segunda edição da nova minissérie de evento da Marvel continua a explorar como o Doutor Destino está reformulando a Terra após assumir o controle de todo o planeta. Destino anuncia sua próxima política global de fronteiras abertas antes de debater os méritos de sua autocracia com sua afilhada, Valeria Richards. Enquanto isso, tanto o Quarteto Fantástico quanto os Vingadores se empenham em desvendar o verdadeiro propósito de Destino e expô-lo como vilão.
Doutor Destino Desafia Expectativas ao Reestruturar a Terra como uma Suposta Utopia
One World Under Doom #2 Enfatiza a Bondade dos Planos de Destino, Não o Mal
Os leitores sabem, com base em décadas de quadrinhos em que o Doutor Destino figura como o arqui-vilão do universo Marvel, que o protagonista da série não é de confiança. No entanto, Destino é apresentado como o personagem central e, em One World Under Doom #2, tanto ele quanto o escritor Ryan North parecem agir com transparência perante o público. Uma sequência que destaca a interação entre Destino e sua querida Valeria ressalta que ele não está mentindo sobre suas intenções ou ações. Ainda que possa tratar-se de uma artimanha superficial, a série demonstra maior interesse em explorar a autocracia em sua forma idealizada.
Esse enfoque resulta em uma intrigante inversão de simpatias. O Doutor Destino continua orgulhoso e pomposo, mas a benevolência de suas ações não pode ser ignorada, pois dezenas de milhões de vidas são salvas nos primeiros dias de seu governo. A narrativa ressalta essa dinâmica a partir de uma interação pessoal em que Destino transforma o The Thing em um homem novamente. Diante de tantas mudanças positivas, o maior desafio dos heróis Marvel reside em lidar com o dilema de renunciar à promessa de um mundo melhor. Conflitos como o resgate da humanidade de Benjamin Grimm ou o fim da guerra se mostram, na essência de One World Under Doom, embasados em valores e ideologias, mais do que na força bruta.
Muita Ação e Convidados Coloridos Mesmo com Destino Oferecendo um Planeta Pacificado
Embora o Doutor Destino opte por evitar a violência sempre que possível, tanto o Quarteto Fantástico quanto os Vingadores garantem que a ação não falte neste evento. Sem possuir mais informações que o leitor, as equipes estão convictas de que o plano de Destino precisa ser detido a qualquer custo. A tentativa do Quarteto Fantástico de provocar Destino ao interromper uma aparição sua não sai como planejada, mas oferece momentos intensos de ação para a equipe.
A interpretação de R.B. Silva, especialmente na cena em que The Thing enfrenta uma horda de robôs controlados por Destino, apresenta impactos visuais marcantes e efeitos sonoros excelentes. É uma das melhores representações do herói em publicações recentes da Marvel, com uma expressividade que capta a personalidade icônica do personagem. Apesar de algumas falta de detalhes em figuras humanas e efeitos de cor que, por vezes, deixam alguns painéis com aspecto desbotado, a história é bem contada e a ação, empolgante. No entanto, alterações digitais diminuem o contraste do trabalho de Silva em comparação com outras publicações recentes.
One World Under Doom #2 reforça a premissa do evento, prometendo aos leitores que o plano do Doutor Destino é exatamente o que se apresenta: estabilidade global, segurança e bem-estar em troca de submissão. Trata-se de uma forma idealizada de autocracia, livre das restrições da corrupção e do egoísmo humanos. Mesmo que essa proposta só possa existir na ficção especulativa, ela suscita uma fascinante reflexão sobre nossos valores. Embora o destino final de Destino seja o fracasso, descobrir as razões por trás de sua queda e questionar se os heróis Marvel são realmente tão justos quanto parecem, é motivo suficiente para manter os leitores grudados na narrativa.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.