Assassin’s Creed Shadows Demora para Montar o Cenário
De forma isolada, Assassin’s Creed Shadows demanda um bom tempo para apresentar os elementos da história antes de você realmente começar a explorar Izumi Settsu. A sequência de abertura inclui várias cenas que estabelecem o passado dos personagens, Naoe e Yasuke, permitindo que você controle cada um de forma sutil antes de ser lançado para o mundo aberto. A narrativa e as atuações são muito bem executadas, mantendo seu interesse na primeira vez. Entretanto, não tenho tanta certeza de que os jogadores apreciarão ter que passar por tanto preâmbulo em repetidas jogadas.
Quanto de Prólogo É Demais?
Para ser claro, a narrativa e o desenvolvimento dos personagens em Assassin’s Creed Shadows são incrivelmente bem executados, com o jogo conseguindo dar profundidade a Yasuke desde os primeiros momentos. Ele não evita abordar as tensões raciais ou culturais entre os personagens, e as cenas do prólogo acrescentam complexidade às trajetórias de Yasuke e Naoe. Contudo, essas cenas se estendem bastante e, se você jogar com o Modo Imersivo ativado (recomendado), acabará lendo mais do que desejaria. Introduções longas não são necessariamente ruins, mas, no caso de AC Shadows, podem ser enganosas.
Preocupa-me que isso possa desanimar um grupo de jogadores, que não querem se submeter a sequências tão extensas com pouquíssimos elementos interativos significativos. Nem todo fã da franquia se interessa igualmente pelo enredo, e há certamente um grupo que só quer partir para a ação e começar a explorar o mundo aberto. E, mesmo sendo possível pular os diálogos e jogar no modo canônico para evitar longas reflexões sobre a decisão correta, Assassin’s Creed Shadows intercala momentos de ação entre as cenas cinematográficas, forçando você a encarar instantes um tanto quanto monótonos.
Como AC Shadows Poderia Tornar o Início Menos Arrastado
Remover Cenas Interativas Tediosas & Consolidar os Tutoriais
Assumindo que você não pule nenhum diálogo, o tempo mínimo desde o início de um novo jogo até a aparição do logo de abertura de Assassin’s Creed Shadows é de aproximadamente 45 minutos. Isso inclui de 5 a 10 cenas interativas inescapáveis, que funcionam como tutoriais, mas que também apresentam passagens completamente desnecessárias e até absurdas para o jogador, como atravessar uma porta destrancada, dar três passos à frente e abrir uma caixa, antes de ser lançado para outra cena cinematográfica.
Na minha opinião, AC Shadows teria sido suficiente com uma única cena interativa baseada em tutoriais – a missão inicial de Naoe, em que ela persegue a caixa (novamente). Todos os mecanismos essenciais do jogo são apresentados de forma sucinta e informativa nessa sequência. Já a interação anterior com Yasuke funciona mais como um teaser do que esperar de seu personagem, que você não controlará tão cedo. Como as mecânicas de Yasuke são exploradas detalhadamente mais adiante no jogo, esses momentos de prévia no início têm pouco propósito e adicionam tempo desnecessário ao prólogo.
Há ainda um momento extremamente dramático no final da sequência de abertura, em que o pai de Naoe é morto pelo Onyryo e ambos ficam prestes a sucumbir aos ferimentos. Enquanto ele jazia ali, você assume o controle de Naoe enquanto ela observa o pai partir. Embora essa cena tenha a intenção de criar tensão dramática e aprofundar sua imersão na história, ser forçado a apenas manter o botão pressionado enquanto se move alguns centímetros soa como uma forma simplória de testar sua atenção.
Assassin’s Creed Necessita Desesperadamente de Uma Opção de Pular o Prólogo
A Narrativa é Fascinante na Primeira Vez, Menos na Segunda
Ademais, o prólogo inclui três saltos separados de memória do Animus e duas ocorrências distintas em que o pai de Naoe fica incapacitado, apenas para, eventualmente, falecer. Do ponto de vista narrativo, torna-se um pouco redundante e inútil ver o pai dela quase morrer, para logo em seguida vê-lo totalmente recuperado e ser imediatamente assassinado. Há alguns passos narrativos extras que, no final das contas, teriam o mesmo impacto independentemente do momento em que ocorrem.
Isso tudo para dizer que a sequência de introdução e o prólogo cumprem um papel; estão simplesmente enterrados sob elementos narrativos tão densos que podem não ser tão interessantes em jogadas repetidas. É importante destacar que essas cenas iniciais não são representativas do gameplay típico – os eventos cinematográficos mais longos aparecem na maioria das missões principais, enquanto as secundárias costumam ser mais compactas. No geral, Assassin’s Creed Shadows oferece cenas cinematográficas incríveis e uma narrativa envolvente, mas demora demais para chegar às partes mais divertidas.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.