Happy Face: Crítica – Fiquei Profundamente Absorvido pela Série de Suspense e Reviravoltas da Paramount+
Em determinado momento, Melissa se frustra consigo mesma por estar tão focada em seu pai que acaba negligenciando a última vítima dele, Heather. Enquanto Keith passa a assumir o crédito pelo assassinato – mesmo após a acusação equivocada contra o amigo de Heather, Elijah, há 30 anos –, o início do desmoronamento de Melissa se inicia. Após casar com Ben e ter dois filhos, ela acreditava ter deixado para trás seu passado traumático, quando descobriu que seu pai era o infame Happy Face Killer, preso por oito homicídios.
Happy Face é Tenso e Complexo Graças ao Foco em Melissa
Annaleigh Ashford é Fantástica
Happy Face se assemelha a um jogo de gato e rato, além de ser um intrigante mistério. Keith fornece a Melissa e a produtora Ivy fragmentos de informações sobre como ele assassinou Heather. Inicialmente, Melissa desconfia das declarações, mas, conforme aprofundam a investigação, ela e Ivy desvendam uma teia de mentiras que ultrapassa a figura de Keith. A série se destaca pelo ritmo impecável, entregando pequenas pistas a cada episódio sem sobrecarregar o espectador.
O papel de Melissa é extenso e emocional, e Annaleigh Ashford oferece uma performance profundamente comovente e repleta de nuances. Desde o início, somos transportados para o universo de Melissa, cuja trajetória – da busca por uma vida anônima à exposição forçada devido ao legado de seu pai – é explorada de maneira minuciosa e inteligente. Ashford consegue transmitir muito apenas com os olhos, elevando a intensidade e a profundidade do personagem.
Além disso, a série nos faz enxergar o mundo pelos olhos de Melissa. Sabemos que Keith é um assassino, e a narrativa consegue despertar, em certa medida, tanto fascínio quanto repulsa em relação a ele. No entanto, sempre que a atenção se volta demais para o carismático vilão, Happy Face recua para destacar o sofrimento de suas vítimas, de suas famílias e até dele próprio, como quando Hazel, filha de 15 anos de Melissa, se deixa cativar excessivamente por ele.
Happy Face Tem Algumas Tramas que Não se Encaixam Perfeitamente
Por outro lado, a série cai em algumas armadilhas das quais tenta se distanciar. Apesar de criticar a glamourização dos serial killers, Happy Face insere elementos fictícios para incrementar a narrativa, o que, paradoxalmente, acrescenta profundidade ao abordar também as falhas do sistema de justiça e a maneira frustrante com que alguns casos são tratados, mesmo quando vidas estão em jogo.
O mesmo ocorre com o personagem Ben, interpretado por James Wolk. Inicialmente, ele assume uma postura apenas reativa até que, no último terço da temporada, sua trama ganha contornos mais interessantes. A evolução do personagem é lenta, apresentando-o primeiramente como o típico “bonzinho” até que revelações e acontecimentos transformem essa imagem. Embora a série insinue a possibilidade de uma nova temporada, a força da primeira já é suficiente para prender a atenção do público.
Nem tudo funciona de forma perfeita, mas Happy Face se consolida como uma produção intrigante e intensa. O suspense é o que mantém o espectador grudado à tela, enquanto o mergulho na complexidade dos sentimentos de Melissa – especialmente ao lidar com as sombras do passado e os mistérios que se entrelaçam em sua história – transforma a experiência em algo verdadeiramente apaixonante do início ao fim.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.