10 Whiplash
Kill ‘Em All (1983)
Como dois amigos que se conheceram em um jornal classificado local de Los Angeles, The Recycler, James Hetfield e Lars Ulrich fundaram o Metallica numa irmandade de festas intensas e de um heavy metal rápido e barulhento. Os primeiros dias do thrash estão entre os períodos mais emocionantes da história do heavy metal, com cada banda determinada a agitar as cabeças e a destruir os poseurs que poluíam o cenário com um glam metal tóxico e exibicionista.
“Whiplash” é uma ode aos primórdios do thrash, deslumbrado e com a missão de causar estragos no público e em quem quer que cruze seu caminho.
James Hetfield e Lars Ulrich iniciaram o Metallica em uma irmandade de festas intensas e de um heavy metal rápido e barulhento.
9 Fade To Black
Ride The Lightning (1984)
O heavy metal está repleto de artistas que cedem – ou mal podem esperar para ceder – a um público que exige obediência a um antigo manual de regras, formulado entre o álbum de estreia do Black Sabbath, em 1969, e os finais dos anos 80. Que assim seja para eles, mas o Metallica deixou claro, bem cedo em sua carreira, que era do seu jeito ou nada.
No segundo álbum da banda, Ride The Lightning, o Metallica se orgulhava de ter construído uma reputação como uma das bandas mais rápidas e pesadas do planeta.
Embora, de certa forma, seja uma balada, “Fade To Black” definiu o marco para a ousadia criativa do Metallica, apresentando uma tela épica e grandiosa. Essa mesma tela tem em comum tanto com a paisagem musical dramática de “Babe I’m Gonna Leave You”, do Led Zeppelin, quanto com qualquer outra referência no thrash metal. Sendo a banda que declarou que “aqueles que te dizem para não arriscar estão perdendo o verdadeiro sentido da vida” em seu álbum de estreia, este foi o momento em que o Metallica provou que suas ideias eram levadas a sério.
8 Master Of Puppets
Master Of Puppets (1986)
Abertura como um motim em uma prisão, com toques de pratos de bateria e um riff principal maníaco e entrecortado, cada momento de “Master of Puppets” é icônico. Sua mensagem — sobre pessoas sendo conduzidas para o túmulo por meio da corrupção e do abuso de substâncias — continua ressoando até hoje.
Mesmo sendo fora dos padrões convencionais, a canção mantém um apelo amplo e, em sua parte intermediária, enquanto uma voz demoníaca repete a palavra “master” numa descida que remete ao inferno, o Metallica cria algo que outras bandas de metal simplesmente não conseguem igualar. Clássico, artístico e pesado, esse trecho é tão marcante que pode ser percebido na obra de Mastodon, Blood Incantation, Trivium e inúmeras outras bandas atualmente.
7 Orion
Master Of Puppets (1986)
As críticas na internet nunca faltam quando se trata do Metallica. Desde as polêmicas envolvendo “Fade To Black”, em 1984, até questões sobre Napster, Some Kind Of Monster e outros episódios, muitos opinam sobre o Metallica – mas nunca se lê uma palavra negativa sobre Cliff Burton. Considerado o santo padroeiro de tudo que é artístico no universo do heavy metal, Burton era uma força criativa da natureza.
Embora se possa argumentar sobre o brilhantismo icônico do seu “bass solo, take one” em “Anesthesia (Pulling Teeth)” para definir sua contribuição musical, “Orion” representa tudo o que Cliff Burton desejava que o Metallica fosse. Artístico sem jamais ser pretensioso ou sacrificar a reputação de banda de heavy metal, esse instrumental clássico se destaca pelo baixo paciente e visionário, que se desenrola em camadas crescentes à medida que se expande. O Metallica provou que já dominava o que outras bandas, como Slayer, conseguiam fazer – e muito mais.
6 Harvester Of Sorrow
…And Justice For All (1988)
No álbum seguinte, faixas como “Sad But True”, “Don’t Tread On Me” e “Of Wolf and Man” seguem a mesma fórmula de composição deste hino de …And Justice For All, mostrando que The Black Album presta várias homenagens ao brilhantismo de “Harvester of Sorrow”. É tão impactante que há quem defenda que a trajetória musical do Metallica mudou completamente com esta canção, que é, sem dúvida, uma das melhores já compostas no heavy metal.
5 Enter Sandman
Metallica (1991)
É quase impossível imaginar um conceito como este no cenário musical atual, mas o Metallica estava colhendo sucessos do tamanho dos de Kendrick Lamar em 1991. “Enter Sandman” possui um dos riffs mais reconhecíveis no rock, e a canção teve um sucesso estrondoso no mainstream, comparável aos hits de artistas pop contemporâneos. Assim como Nevermind transformou a cena dos anos 80 num verdadeiro pesadelo, é fundamental reconhecer o impacto e a importância de “Enter Sandman” na trajetória do Metallica.
4 Until It Sleeps
Load (1996)
Até The Black Album, parecia que os únicos que reclamavam do Metallica eram fãs que já não se sentiam pertencentes à irmandade do heavy metal. Mesmo que muitos ainda prefiram os quatro primeiros álbuns, The Black Album é uma obra incrível e um feito extraordinário sob qualquer perspectiva. Mas então o Metallica mudou de visual e lançou o Load, precedendo-o de uma das piores escolhas para single principal na história da música.
Amar ou odiar, o heavy metal é uma irmandade regida por um código restrito. O Metallica abalou sua relação com o universo do heavy metal com uma música que é, ao mesmo tempo, artística, estranha e, fundamentalmente, incompreensível para os fãs tradicionais. O clipe, inspirado nas pinturas de Hieronymus Bosch, é uma obra de arte impressionante, enquanto a canção se apresenta como um número cru, melancólico e poderoso – mas que distanciava a banda da identidade que apresentou em “Wherever I May Roam” e nos tempos de “Whiplash”. Load pode ser considerado subestimado, mas “Until It Sleeps” foi o motivo pelo qual milhões de pessoas se desligaram antes mesmo de apertar o play.
3 We Did It Again
G.H.E.T.T.O. Stories (2002)
Desta vez, o Metallica navegou por águas ainda mais turbulentas.
Esta faixa faz parte do álbum G.H.E.T.T.O. Stories, uma compilação de material descartado pelo produtor associado da Murder Inc., Swizz Beats. Se essa coleção soa abismal para se investir tempo em escutar, considere que Swizz Beatz colocou essa música na 16ª posição de um total de 17 faixas. Embora a maioria das pessoas desconheça essa canção – frequentemente substituída pela colaboração com Lou Reed em Lulu – se você procura o padrão ouro de decisões criativas equivocadas do Metallica, não precisa procurar mais.
2 St. Anger
St. Anger (2003)
Muitos clichês do heavy metal se concretizam pelo boca a boca, e o St. Anger do Metallica é um dos álbuns mais criticados na história do metal. Na realidade, trata-se de um trabalho de um produtor que não conseguia demonstrar um mérito artístico notável. Bob Rock já vinha enfrentando dificuldades desde os trabalhos com a banda em The Black Album, os quais se alternaram entre grandes sucessos e intensas lutas criativas.
A faixa-título de St. Anger é um clássico sombrio, com sua bateria de estilo industrial proporcionando à canção uma atmosfera claustrofóbica, perfeitamente capturada pelo fato de que o vídeo tenha sido gravado na prisão de St. Quentin. “Frantic” ultrapassa a qualidade de qualquer faixa do último álbum do Metallica, e “The Unnamed Feeling” se apresenta como uma fera sinistra com ritmos marcantes e vocais cativantes. Tudo isso demonstra que a reputação nem sempre reflete os fatos.
1 Moth Into Flame
Hardwired…To Self Destruct (2016)
Apesar de todas as críticas direcionadas à banda desde meados dos anos 1990, “Moth Into Flame” voltou a mostrar, em 2016, quem realmente manda. Durante cinco minutos e cinquenta e um segundos de pura intensidade, o Metallica libera os riffs e a estrutura que fizeram com que as pessoas se apaixonassem pela banda desde o início – uma genialidade que sempre permanece ao alcance.
Embora nem sempre seja mencionado, “Moth Into Flame” é tão impactante que se equipara às músicas dos quatro primeiros álbuns do Metallica – e, de certa forma, poderia até se beneficiar do timbre de guitarra daquela época.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.