Absolute Batman #6 Review: A Série Abala seu Status Quo ao Encerrar seu Primeiro Arco com Estilo
Em muitos aspectos, escrever é como um truque de mágica, pois tanto o autor quanto o mágico se preocupam em controlar o fluxo de informações para conduzir a certos desfechos. Um mágico pode parecer realizar feitos incríveis de “leitura da mente”, quando, na verdade, boa parte do que ele faz é apenas posicionar o espectador de forma que tudo se encaixe. O mesmo vale para escritores – especialmente para aqueles que, como Scott Snyder, têm completo domínio sobre suas narrativas. No encerramento do primeiro arco de Absolute Batman, Snyder direciona os acontecimentos de forma tão precisa que o desfecho se torna tão espetacular quanto qualquer espetáculo de ilusionismo.
Absolute Batman #5, criado por Snyder, com ilustrações de Nick Dragotta, coloração de Frank Martin e lettering de Clayton Cowles, nos apresenta um Batman derrotado e ensanguentado ao final da edição anterior – onde ele claramente subestimou seu inimigo, Black Mask. Nesta edição, o herói faz um retorno triunfante, enquanto Martha Wayne e James Gordon também tentam descobrir se eles e, mais importante, a própria Gotham City, serão capazes de se reerguer após os eventos em que os cidadãos foram manipulados para servir Black Mask.
Qual é a grande mudança no status quo do Batman nesta edição?
A mudança significativa no status quo ocorre logo de início. Na edição anterior, Batman se deixou levar pela confiança, julgando seu adversário de forma equivocada e acreditando que o grande espetáculo – após fingir concordar em ser subornado por Black Mask – bastaria para garantir sua vitória. Em vez disso, ele foi quase assassinado pelo vilão e, acima de tudo, viu sua fé em Gotham City ser abaladíssima. Diante disso, como diz a famosa canção dos Beatles, Batman precisou contar com um pouco de ajuda dos amigos. Assim, o herói revela sua identidade secreta para um grupo seleto de amigos de infância – que, curiosamente, apresentam nuances dos vilões mais emblemáticos do Batman, como Charada, Duas-Caras, Pinguim, Killer Croc e Mulher-Gato –, mostrando que, muitas vezes, a vitória não se conquista sozinho.
Como Martha Wayne se encaixa na história do Batman nesta edição?
Assim como em grande parte da série, os flashbacks impulsionam este primeiro arco – intitulado “The Zoo”, em referência à excursão ao zoológico em que um jovem Bruce e seus amigos presenciaram o brutal assassinato de Thomas Wayne por um atirador. Nessa narrativa, Martha Wayne desempenha um papel fundamental não apenas nos momentos do passado, mas também nas sequências atuais. Na última vez que acompanhamos a vice-prefeita Wayne e o prefeito Jim Gordon, Black Mask ofereceu milhões em recompensas aos cidadãos de Gotham para aderirem ao seu grupo, os Party Animals – incluindo recompensas milionárias para Wayne e Gordon.
Martha combate essa corrupção, argumentando que os cidadãos não podem se permitir ser comprados, enquanto também aparece em flashbacks ensinando um jovem Bruce a superar a perda de seu pai, transformando a dor em esperança. Essa abordagem estabelece de forma clara a missão do Batman. Paralelamente, Dragotta se destaca ao retratar as memórias da infância com primor. Sua Martha Wayne transborda personalidade, tanto no passado quanto no presente, demonstrando que nos pequenos detalhes pode residir um poder tão intenso quanto nos momentos grandiosos. Além disso, o lettering de Cowles se sobressai, com fontes meticulosamente desenhadas para os displays dos capacetes, reforçando ainda mais a estética única da obra.

Adriana Kvits é uma amante fervorosa da cultura japonesa, com um profundo amor por animes e mangás. Sua dedicação em explorar e compartilhar as complexidades dessas narrativas a torna uma voz apaixonada e uma guia confiável no emocionante mundo otaku.